Modelos de Mães Espirituais

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Santa Mônica (331-387)¹

Santa Mônica nasceu no norte da África, em Tagaste, no ano 332, numa família cristã que lhe entregou – segundo o costume da época e local – como esposa de um jovem chamado Patrício.

Como cristã exemplar que era, Mônica preocupava-se com a conversão de sua família, por isso se consumiu na oração pelo esposo violento, rude, pagão e, principalmente, pelo filho mais velho, Agostinho, que vivia nos vícios e pecados.

A história nos testemunha as inúmeras preces, ultrajes e sofrimentos por que Santa Mônica passou para ver a conversão e o batismo, tanto de seu esposo, quanto daquele que lhe mereceu o conselho:

Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas

Santa Catarina de Sena (1347-1380)²

Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!

Com estas palavras, em seu habitual estilo firme e intransigente, mas sempre materno, Catarina Benincasa convidava à radicalidade da fé a um dos seus interlocutores epistolares.

Trata-se de uma exortação que revela o ardente desejo da santa de irradiar o Evangelho no mundo, mediante o testemunho ciente e crível de homens e mulheres convertidos pelo anúncio do Ressuscitado: “Munida de uma fé invicta, poderá enfrentar, vitoriosamente, seus adversários”, disse-lhe Cristo em uma visão no último dia de Carnaval de 1367, em um episódio que os biógrafos recordam como “núpcias místicas” de Catarina.

Catarina jamais teve medo de admoestar o Sucessor de Pedro, por ela definido “doce Cristo na terra”, às suas responsabilidades: reconhecia suas faltas humanas, mas sempre teve máxima reverência pelo Vigário de Jesus na terra, assim como por todos os sacerdotes.

Beata Conchita do México (1862-1937)³

María Concepción Cabrera Arias de Armida, conhecida como Beata Conchita, desafiou aqueles que creem que o matrimônio e a maternidade são incompatíveis com a santidade.

Mexicana, Conchita foi beatificada em 2019. Casada, mãe de nove filhos (duas mulheres e 7 homens), levou uma vida aparentemente ordinária, voltada para a vida interior, de sacrifício pelos filhos biológicos e espirituais.

A gente pode dizer que a Beata Conchita é mãe, esposa, mística e muito apostólica. Ela tinha sede de almas para Jesus. Sempre quis conduzir almas para Cristo

Em sua trajetória, Conchita teve uma missão especial: ser mãe de sacerdotes, de onde nasceu sua espiritualidade “totalmente sacerdotal”.

Todas as obras que fundou tinham o objetivo de ajudar e rezar pelos sacerdotes. Sua vida foi um exemplo do valioso apoio feminino à vida e santidade da Igreja.

Elizabeth Vaughn (1862-1937)

Elizabeth Vaughn, conhecida como Eliza Vaughan, provinha duma família protestante, a dos Rolls, que sucessivamente fundou a indústria automobilística Rolls-Royce. Quando jovem, durante sua permanência e educação na França, havia ficado muito impressionada pelo exemplar empenho da Igreja para com os pobres.

Convertida no fundo do coração, cheia de zelo, Eliza propôs ao marido doar os filhos a Deus. Esta mulher de elevadas virtudes rezava cada dia durante uma hora frente ao Santíssimo Sacramento na Capela da residência de Courtfield, pedindo a Deus uma família numerosa e muitas vocações religiosas entre os seus filhos.

Foi atendida! Teve 14 filhos e morreu pouco depois do nascimento do último filho em 1853. Dos 13 filhos vivos, entre os quais 8 homens, seis tornaram-se sacerdotes: dois em ordens religiosas, um sacerdote diocesano, um bispo, um arcebispo e um cardeal. Das cinco filhas, quatro tornaram-se religiosas.

Faleceu pouco depois do nascimento do décimo quarto filho, John. Dois meses após a sua morte, o coronel Vaughan, convencido que ela havia sido um dom da Providência, escreveu numa carta: 

Beata Maria Deluil Martiny (1841 - 1884)

Cerca de 120 anos atrás, em algumas revelações particulares, Jesus começou a confiar às pessoas consagradas nos mosteiros e no mundo o Seu plano para a renovação do sacerdócio.

Ele confiou a algumas mães espirituais a chamada ‘obra para os sacerdotes’. Uma das precursoras desta obra é a beata Maria Deluil Martiny. Sobre este seu grande íntimo desejo ela disse:

Oferecer-se pelas almas é belo e grande! Mas oferecer-se pelas almas dos sacerdotes... é tão belo e grande que seria preciso ter mil vidas e mil corações!... Daria de bom grado a minha vida para que Cristo pudesse encontrar nos sacerdotes aquilo que deles se espera! Ah, daria de bom grado mesmo se um só pudesse realizar perfeitamente o plano divino nele!

De fato, aos 43 anos, ela selou com o martírio a sua maternidade espiritual. As suas últimas palavras foram: “É para a obra, a obra para os sacerdotes!”.

Beata Elena Guerra (1835-1914)

Elena Guerra nasceu em Lucca (Itália), no dia 23 de Junho de 1835. Viveu e cresceu em um clima familiar profundamente religioso. Durante uma longa enfermidade, se dedica à meditação da Palavra de Deus e ao estudo dos Padres da Igreja, o que determina sua orientação de vida interior e apostolado; primeiro na Associação das Amigas Espirituais, idealizada por ela mesma para promover entre as jovens a amizade em seu sentido cristão, e depois nas Filhas de Maria.

Em Outubro de 1897, Elena é recebida em audiência por Leão XIII, que a encoraja a prosseguir o apostolado pela causa do Espírito Santo e autoriza também a sua Congregação a mudar de nome, para melhor qualificar o carisma próprio na Igreja: Oblatas do Espírito Santo.

Para Elena, a exortação do Papa é uma ordem, e se dedica ainda com maior empenho à causa do Espírito Santo, aprofundando assim, para si e para os outros, o verdadeiro sentido do “retorno ao Espírito Santo”: Este foi o mandato da sua Congregação ao mundo.

Elevada à honra dos altares em 26 de Abril de 1959, o Papa a definiu “Apóstola do Espírito Santo”, assim como Santa Maria Madalena foi a apóstola da Ressurreição e Santa Maria Margarida Alacoque a apóstola do Sagrado Coração.

Santa Teresa de Lisieux (1873 - 1897)

Thérèse Françoise Marie Martin nasceu em Alençon, em 2 de janeiro de 1873, de um casal de ourives, muito católicos, “dignos mais do céu do que da terra”, como Terezinha os definia. Ele era a última de oito filhos, três dos quais morreram quando crianças. Aos quatro anos, ficando órfã de mãe, reviveu o drama do abandono, por causa da entrada progressiva de quatro de suas irmãs para o Carmelo.

Por sua vez, ela também entra para o Carmelo de Lisieux, com apenas quinze anos, por especial autorização do Papa Leão XIII, após ter ido suplicá-lo em Roma: “Você vai entrar, se Deus quiser”, foi a resposta do Pontífice.

O desejo da jovem era “salvar as almas” e, sobretudo, “rezar para ajudar os sacerdotes. Na hora de fazer a profissão dos votos religiosos ela recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.

Após nove anos de vida religiosa, Teresa morre, com apenas 24 anos de idade, em 3º de setembro de 1897, acometida por tuberculose. Em 1923, foi beatificada pelo Papa Pio XI, que a considerava a “estrela do seu Pontificado” e, logo a seguir, canonizada em 1925.

Venerável Louise Marguerite (1868-1915)

Madre Luísa Margarida Claret de la Touche, monja da Visitação, nasceu em Saint-Germain-en-Lay (França) no dia 15 de Março de 1868, numa família burguesa e abastada. Atraída pela vida contemplativa, entrou no mosteiro da Visitação de Romans, na diocese de Valence, a 20 de novembro de 1890. Vivia numa profunda união com o Senhor e forte espiritualidade.

No ano de 1902 o Senhor revelou a Irmã Luísa Margarida o que tinha a dizer aos sacerdotes e o que devia fazer para a santificação deles.

No dia 5 de junho desse ano, vésperas da festa do Sagrado Coração de Jesus, recebe uma missão particular para cumprir na Igreja: recordar aos sacerdotes as inexplicáveis riquezas do amor do Coração de Cristo, continuando a missão já iniciada com as revelações a Santa Margarida Maria Alacoque.

Nas várias revelações recebidas de Nosso Senhor em datas diferentes, a missão abrange a santificação dos sacerdotes, a união destes com os bispos e entre si, e a irradiação no mundo do amor do Coração de Jesus.

Faleceu em 1915 após uma vida de forte espiritualidade, cumprindo a missão que recebeu do Senhor de propagar a fé e a devoção a Deus-Amor Infinito.

Berthe Petit (1870- 1943)

Berthe Petit é uma grande mística belga, uma alma de expiação pouco conhecida. Jesus indicou-lhe com clareza o sacerdote pelo qual devia renunciar a seus projetos pessoais e também fez com que o encontrasse.

Desde os quinze anos de idade, Berthe durante cada S. Missa, rezava pelo celebrante: “Meu Jesus, faz com que o teu sacerdote não te cause desgostos!”. Quando tinha dezessete anos, seus pais perderam todo o patrimônio por causa de uma fidejussória; dia 8 de dezembro de 1988, seu diretor espiritual lhe disse que sua vocação não era o mosteiro, mas ficar em casa e cuidar dos pais.

Com pesar aceitou o sacrifício; pediu, porém, a Nossa Senhora que intercedesse para que, no lugar de sua vocação religiosa, Jesus chamasse um sacerdote zeloso e santo. “Você será atendida!” lhe garantiu o padre espiritual.

Serva de Deus Consolata Betrone (1903-1946)

Os sacrifícios e as orações de uma mãe espiritual de sacerdote destinam-se em particular aos consagrados que se perderam ou que abandonaram a própria vocação. Jesus, na sua Igreja, chamou para essa vocação inumeráveis mulheres rogadoras, como por exemplo Irmã Consolata Betrone, Clarissa Capuchinha de Turim. Jesus lhe disse: 

A tua tarefa na vida é dedicar-te aos teus irmãos. Consolata, tu também serás um bom pastor e irás em busca dos irmãos perdidos para trazê-los de volta a mim.

Consolata ofereceu tudo por eles, pelos “seus irmãos” sacerdotes e consagrados que se encontravam em dificuldade espiritual. Na cozinha, durante o trabalho, rezava sem cessar sua oração do coração: “Jesus, Maria, Vos amo, salvai as almas!”.

Beato Clemens August Von Galen (1878 - 1946)

Em 13 de setembro de 1933, com 55 anos de idade, o pároco Clemens von Galen foi nomeado bispo de Münster pelo Papa Pio XI.

Fiel a seu lema de não se deixar influenciar “nem pelo elogio, nem pelo medo”, protestou publicamente contra as medidas terroristas da Gestapo e denunciou o Estado que havia prejudicado os direitos da Igreja e de seus fiéis. Em 1946, o Papa Pio XII nomeou cardeal o bispo de Münster pelos seus méritos e pela extraordinária coragem em professar a fé.

No seu ingresso como pastor de Münster, o bispo Galen fez imprimir uma imagem com a seguinte escrita:

Sou o décimo terceiro filho da nossa família e agradecerei eternamente minha mãe por ter tido a coragem de dizer sim a Deus também para esse décimo terceiro filho. Sem esse sim de minha mãe, hoje eu não seria sacerdote e bispo.

Luisa Piccarreta (1865 - 1947)

Sua missão é ótima, porque não estamos falando da própria santidade pessoal, mas de abraçar tudo e de todos e de preparar o Reino da minha Vontade para todas as gerações humanas.

Desde pequena Luísa manifestava uma forte inclinação à meditação e à oração, tendo como elementos fundamentais da sua vida interior um amor ardente por Jesus sofredor na Sua Paixão e prisioneiro por amor na Eucaristia; ela tinha ainda uma devoção madura e sólida à Santíssima Virgem Maria.

Luisa nunca se casou. Virgem, se ofereceu-se a Jesus como sua esposa crucificada.  Sempre fora serena e “fresca como um lírio da Páscoa, pequena em estatura, com olhos grandes, vívidos, alma penetrante e cabeça inclinada levemente para a direita”, afirma Dom D. Luigi D’Oria, chefe de o Clero em Corato.

Beata Alexandrina Maria da Costa (1904 - 1955)

Também um exemplo de vida como a de Alexandrina da Costa, beatificada aos 25 de abril de 2004, demonstra de maneira impressionante a força transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício de uma jovem doente e abandonada. Em 1941 Alexandrina escreveu ao seu pai espiritual, Pe. Mariano Pinho, que Jesus se havia dirigido a ela com estas palavras:

Minha filha, em Lisboa vive um sacerdote que corre o risco de se condenar eternamente; ele me ofende de maneira grave. Chama o teu padre espiritual e pede-lhe a autorização para que eu te faça sofrer particularmente, durante a paixão, por aquela alma

Recebida a licença, Alexandrina sofreu muitíssimo. Sentia o peso dos pecados daquele sacerdote, que não queria mais saber de Deus e estava prestes a se danar. ”. Ela chegou a ouvir o nome e o sobrenome do sacerdote. Um cardeal da época confirmou com sinceridade que de fato havia um sacerdote que o preocupava; o nome que pronunciou era exatamente o mesmo que Jesus dissera para Alexandrina.

Venerável Dom José María García Lahiguera (1903 - 1989)

O Venerável Dom José María García Lahiguera (1903-1989) teve uma vida a serviço dos sacerdotes e, assim, pôde dizer:

Sacerdos et Hostia (Sacerdote e Hóstia)… estas palavras foram minha vida na terra e espero que serão minha glória no céu.

Nasceu em Fítero em 9 de março de 1903, sendo batizado no mesmo lugar, três dias depois de seu nascimento. Sempre fiel à ação do Espírito Santo, chegou ao sacerdócio já deixando pegadas de sua grande virtude no Seminário de Madri.

Foi ordenado sacerdote em 29 de maio de 1926. Em seguida, fez-se patente seu zelo sacerdotal, sendo requisitado para a direção espiritual dos seminaristas.

Nesse ministério, entregou totalmente sua vida e marcou seu especial carisma: a santidade sacerdotal.

Serva de Deus Madre María del Carmen Hidalgo de Caviedes y Gómez (1913 - 2001)

A Serva de Deus Madre María del Carmen Hidalgo de Caviedes y Gómez (1913 -2001) foi fundadora das Oblatas de Cristo Sacerdote .

Nasceu em Madri em 3 de setembro de 1913. Em 20 de julho de 1936, durante o bombardeio do quartel da Montanha, ela experimentou uma força interior que a motivou a oferecer sua vida pro eis – pelos sacerdotes – ao aprofundar o significado e a necessidade urgente do sacerdote santo, para poder celebrar a Eucaristia e chegar às almas.

Em 25 de abril de 1938, se compromete, com Dom José María García Lahiguera, a fundar uma congregação de vida integralmente contemplativa, que prolongue na Igreja a “Oração Sacerdotal” de Cristo: “Pro eis, ego rogo et sanctifico meipsum” (Jo 17).

Madre María del Carmen fundou mosteiros em Madri, Salamanca, Zaragoza, Huelva, Moncada (Valência), Javier (Navarra) e Oropesa (Toledo). Com zelo incessante, infundiu na congregação o perfil próprio da oblata: oração contínua e oblação do ser; a Eucaristia, centro de todo o viver; o grande dom de ser “família em Deus”, unidas pela caridade de Cristo; e uma terna e filial devoção à Virgem Maria, a quem chamam sempre “Mãe”.

Mães de Lu Monferrato (Itália, 1881)

O pequeno vilarejo de Lu, na Itália do norte, teria ficado desconhecido se em 1881 algumas mães de família não tivessem tomado uma decisão que iria ter “grandes repercussões”.

Muitas dessas mães tinham no coração o desejo de ver um de seus filhos tornar-se sacerdote ou uma de suas filhas entregar-se totalmente ao serviço do Senhor. Começaram então a reunir-se todas as terças-feiras para a adoração do Santíssimo Sacramento, sob a guia de seu pároco, Monsenhor Alessandro Canora, e a rezar para as vocações.

Todos os primeiros domingos do mês recebiam a Comunhão com essa intenção. Após a Missa todas as mães rezavam juntas para pedir vocações sacerdotais.

Graças à oração cheia de confiança dessas mães e a abertura de coração desses pais, as famílias viviam num clima de paz, de serenidade e de alegre devoção que permitiu aos filhos discernir com maior facilidade suas chamadas.