Vida Espiritual
A Mãe Espiritual doa sua vida por meio do fiat (do “sim”) diário, se esforçando por cumprir de modo perfeito os seus deveres de estado, oferecendo-os a Nosso Senhor pelas mãos de Nossa Senhora, para a santificação dos sacerdotes.
Práticas do Apostolado Mãe dos Sacerdotes
Há muitas formas de praticar a maternidade espiritual, tais como rezar, oferecer penitências, ensinar e até mesmo chegar, em alguns casos e de forma muito prudente e respeitosa, a aconselhar algum sacerdote.
No entanto, ainda que as boas obras das Mães Espirituais possam ser realizadas de diferentes maneiras, a oração, especialmente a Santa Missa e a Adoração Eucarística, são a melhor forma desse apostolado dar seus maiores frutos.
Plano de Vida
A vivência deste Apostolado também comporta diversas práticas devocionais comuns e específicas, oferecidas pela santificação dos sacerdotes, que podem ser organizadas num plano de vida.
É um direcionamento de orações para ajudar as mães espirituais a se manterem fiéis a Deus na luta para alcançar o objetivo: a sua própria santificação e a dos seus filhos espirituais:
- Oferecimento do dia com os trabalhos e sacrifícios.
- Adoção e oração pelo filho espiritual.
- Leitura orante da Palavra (lectio divina).
- Participação ativa, consciente e plena da Missa, com ato de preparação e de ação de graças, oferecendo a Sagrada Comunhão por esta intenção.
- Adoração Eucarística e comunhão espiritual, especialmente nas visitas ao Santíssimo Sacramento.
- Confissão sacramental frequente.
- Exame de consciência diário seguido do Ato de contrição.
- Reza da Liturgia das Horas, especialmente a Oração da Manhã (Laudes) e a Oração Vespertina (Vésperas).
- Reza diária do Santo Rosário.
- Especial devoção à Divina Misericórdia.
- Penitência em reparação pelos pecados.
- Especial devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, junto a prática da Devoção das nove primeiras sextas-feiras e dos cinco primeiros sábados.
- Consagração a Nossa Senhora segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, com renovação mensal em festa mariana; reza diária do Angelus ou do Regina Caeli, das Três Ave Marias e devoção ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo e a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças.
- Consagração a São José, Patrono Universal da Igreja.
- Leitura espiritual frequente, de modo especial, dos escritos dos modelos de Maternidade Espiritual.
- Direção espiritual.
- Prática anual dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.
- Busca constante de formação na doutrina católica.
- Conhecimento, imitação e celebração das santas que foram modelo de Maternidade Espiritual.
- Vivência intensa dos principais tempos e celebrações do ano litúrgico.
Esse plano pretende auxiliar a Mãe Espiritual a viver uma vida contemplativa em meio ao mundo. Vida de sacramentos, da graça, serviço e dedicação constante, que a manterá na presença de Deus. Ela procurará viver esse recolhimento nas pequenas ocasiões do dia-a-dia, se oferecendo, amando em todos os momentos, para obter graças e reparação para seus filhos espirituais e para suas próprias famílias.
Vida Eucarística
A maternidade espiritual encontra sua fonte na Sagrada Eucaristia. A Sagrada Eucaristia é a presença real de Jesus Cristo: seu corpo, sangue, alma e divindade. Na Missa, a representação do Sacrifício de Cristo no Calvário está se fazendo presente novamente; o mesmo Sacrifício, que aconteceu por volta do ano 33, é renovado em cada Missa validamente celebrada.
No momento particular em que Jesus morreu na cruz, sangue e água fluíram de seu lado aberto, e a Igreja, o corpo místico de Cristo, nasceu. Esta fonte de graça nos é concedida cada vez que assistimos à missa, porque é exatamente o mesmo sacrifício oferecido de maneira incruenta. Assim, as Mães Espirituais e seus filhos espirituais têm sua fonte na Sagrada Eucaristia.
Ensinava o Papa São João Paulo II:
A maternidade física não tem que ser também uma maternidade espiritual para responder a toda a verdade sobre o ser humano? Portanto, existem muitas razões a se discernir nestes dois caminhos diferentes – as duas vocações diferentes das mulheres –, uma complementaridade profunda e, até mesmo, uma união profunda no cerne da pessoa.
– Mulieris Dignitatem, 21
O principal dever dos sacerdotes é oferecer sacrifícios, especificamente o Sacrifício de Cristo na Cruz, e consagrar o pão e o vinho no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. O Sacrifício de Cristo na Cruz se renova em cada Missa e requer o constante “sim” de um ministro ordenado.
Portanto, uma das principais funções das Mães Espirituais é apoiar o sacerdote com suas orações e sacrifícios, para que ele possa perseverar e se santificar em seu dever de oferecer o Santo Sacrifício e exercer com dignidade o seu tríplice oficio de Ensinar, Santificar e Reger o povo de Deus.
Escravidão de Amor
O Apostolado das Mães Espirituais se espelha na maternidade espiritual de Nossa Senhora, aquela que concebeu e nos deu o Filho de Deus, que é mãe da Igreja e de todos nós, em especial, dos sacerdotes, seus filhos prediletos.
A Constituição Dogmática Lumem Gentium, do Concílio Vaticano II, ao falar sobre a maternidade espiritual de Nossa Senhora, nos ensina:
A Virgem Santíssima, predestinada a ser Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência, foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando- O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É, por esta razão, nossa mãe na ordem da graça.
– CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Lumem Gentium, n. 61.
Ela é o modelo do amor materno que deve animar todos os que cooperam na missão da Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana, na regeneração da humanidade inteira.
Os fiéis, dirigindo o olhar a Maria, são chamados a imitar a primeira discípula, a Mãe, à qual cada discípulo foi confiado, na pessoa do apóstolo João – aos pés da cruz –, e assim, tornando-se seus filhos, aprendem com Ela o verdadeiro sentido da vida em Cristo.